Como descrever a diferença entre Rio de Janeiro e São Paulo

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Existem questões óbvias como praia, sotaque, hábitos, etc. Mas eu gostaria de analise a sociedade: a diferença entre Rio e São Paulo é que o Rio é uma sociedade aristocrática, com vícios e virtudes de uma sociedade aristocrática, e São Paulo é uma sociedade burguesa, com os vícios e virtudes de uma sociedade burguesa.

O Rio, é claro, foi a capital do Império e depois da República do Brasil. Ou seja: uma cidade de burocratas, uma sociedade baseada no privilégio. Por isso o Rio também é uma cidade onde absolutamente tudo é pessoal. Para você ir a um restaurante e ter uma boa experiência, por exemplo, você precisa conhecer os garçons, ou pelo menos ter aquele clique inicial de simpatia ao chegar. Mas há virtudes, claro, e a primeira virtude é que no Rio de Janeiro a ideia de cultura não é estranha à vida, porque para um aristocrata é normal – tão normal que ele não precisa falar sobre isso. Nunca um carioca vai te convidar pra ver quantos livros ele tem. Ele tem livros. Porque? Você não tem? Que coisa. Isso deixa a discussão no Rio mais leve ou pelo menos mais fluente. Se estamos discutindo, é porque naquele momento somos iguais. Não estamos questionando as credenciais uns dos outros, estamos apenas falando sobre o que pensamos, não esperamos que haja consequências práticas. É por isso que o carioca fala o que pensa e nunca interpreta isso como arrogância. Outra virtude é que o “carioca” está sempre à vontade. As pessoas podem pensar que sou um intelectual, e até tenho um óculos de aro mais grosso, mas é muito difícil encontrar no Rio alguém que queira ter uma identidade. O cara é surfista no verão, um dia ele corta o cabelo punk, vai para todo lado, e ele entende que tudo isso é meio que brincadeira. Não em São Paulo. Em São Paulo tem punks. Mesmo. Quem acredita no punk. O carioca pensa, fala “hã?” E esquece.

E essa é a chave para tirar o que é burguês em São Paulo. Se no Rio todo mundo parece filho de um aristocrata decadente, em São Paulo todo mundo parece filho do dono do armazém, mesmo que seja bilionário. São burgueses que se ilustram e não podem deixar de se orgulhar de sua ilustração, de querer se gabar dela. A cultura é outro objeto adquirido e exibido. É como um Porsche que, bom, você não compra para deixar na garagem.

Por isso, como eu disse, o paulistano tem uma identidade. Ele é hipster, ou não gosta de hipsters. É punk, ou skinhead, ou não gosta deles. Por ser burguês, o “paulistano” sabe quanto custam as coisas. Ele sabe que sua posição no mundo é frágil e depende dele não criar muitos problemas. Claro que o melhor de São Paulo é a eficiência. “Paulistanos” entende bem as relações impessoais. Todos os garçons do Brasil deveriam ser paulistas, ou ter treinado em São Paulo. Além disso, o paulistano busca muito a qualidade. Você vê isso porque o nível médio de tudo é maior em São Paulo. O Rio é uma cidade de extremos; Um dia é perfeito, no outro é um inferno, e você nunca sabe que personalidade ela vai assumir. São Paulo é pelo menos constante. O que é bom é bom, o que é ruim é ruim, e você já sabe.

O paulistano também é manso, se comparado ao carioca. Há pouco tempo cheguei a uma estação de metrô por volta das seis da tarde (hora do rush no Brasil). Haviam muitas pessoas. Até pensei em desistir. Mas em minha perplexidade, continuei olhando para todas aquelas pessoas … e percebi que as pessoas estavam organizadas em uma fila ordenadamente. Estava apertado, mas pacífico. No Rio, qualquer aglomeração de pessoas no metrô me daria praticamente a certeza de uma convulsão social.

O Rio é essencialmente um balneário, mas nós cariocas temos a convicção de que é o melhor lugar do universo . Quando vou à praia e tiro a cabeça dágua e vejo as montanhas num dia sem neblina, é o que eu penso. Nós, cariocas, somos aristocratas decadentes e meio delirantes. O Rio é a nossa droga, é a cidade que nos maltrata e também nos tropeça. Sua beleza não é nosso mérito: destruímos praticamente todos os belos prédios da cidade (na divisa não consigo pensar em nenhum entre o Copacabana Palace e a Barra da Tijuca). uma megalópole de negócios. Pode impressionar, mas ficar em São Paulo sempre será uma decisão racional, não pelo menos irracional, como ficar no Rio.

Resposta

Sou um Paulistano que mora na Bahia e tem amigos cariocas.

Acho que as principais diferenças do RJ em SP vêm das diferentes formas como foram criados e colonizados.

Rio de Janeiro foi criada era uma Capitania Hereditária, o que significa que está organizada em uma versão fraca do feudalismo.Depois disso, RJ se tornou a capital do Império Português, então eles tiveram muita influência da cultura da corte daquele Império, que é muito diferente de quaisquer outros portugueses normais que vieram para o Brasil depois e antes – todos eles muito mais pobres também . Essa mistura de Capitania Hereditária com a cultura da Corte fez do RJ a cultura mais aristocrata do Brasil de longe. No Nordeste a gente tem um pouco disso causa as Capitanias também, mas nada como no RIO. Nem 20\% disso.

São Paulo foi criada junto com uma dessas Capitanias, especialmente em Santos / São Vicente. Mas essa nunca foi a hegemonia de São Paulo. A parte hegemônica veio de uma cidade do interior de SP, criada pelos Jesuítas, que eram missionários de Portugal com a missão de converter e assimilar os índios brasileiros ao cristianismo. Essa foi a primeira cidade não costeira do Brasil. Depois disso, a cidade afirmou se tornar o centro dos “bandeirantes”, que eram pessoas que saíam do litoral em busca de recursos minerais como ouro e para escravizar índios brasileiros para vendê-los. Sendo a cidade de São Paulo o centro dela, a cidade se tornou um grande centro comercial do Brasil. Não admira que seja a cultura mais burguesa do Brasil. O fato de tantos indígenas brasileiros morarem lá com outras pessoas de diferentes lugares do Brasil tornou a cidade realmente cosmopolita desde o início. Mas não para por aqui, os bandeirantes em busca de coisas valiosas no interior foram por si só um dos principais motivos do Brasil ser tão grande. Basta olhar para os estados do Brasil Colonial.

Em geral, Paulistas são burgueses e cosmopolitas. Porque toda imigração, as pessoas se preocupam muito em ter uma identidade. Por causa da “cultura bandeirante”, o estado tem grandes redes dentro do Brasil. Eles sabem bem o que acontece e o que não acontece.

Os cariocas são muito mais aristocratas, isolados e, bem, portugueses. Às vezes eu brinco que cariocas são portugueses que falam brasileiro. Mas mesmo isso não é verdade, o “chiado” também é muito português. Por terem sido a capital do Brasil e do Reino Unido de Portugal e o Brasil itseed por tanto tempo que pensam que RJ é o centro do Brasil, mas na verdade a maioria dos brasileiros não se preocupa muito com RIO. Eles vão falar sobre como a arte do Rio é importante para o Brasil, mas eles só a comparam com São Paulo. Se você comparar com Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará, eles são bons em arte tanto quanto o RJ, e provavelmente mais influentes além de não terem a TV Globo. Por exemplo, toda essa coisa de “Tropicália” era viril de baiana. As pessoas não ligam tanto quanto pensam no Samba do RJ, e o “Funk” (música eletrônica) só virou coisa em todo o Brasil quando os paulistas começaram a fazer isso com o “funk ostentação”. Além de morar perto da maioria das pessoas, o Rio é realmente isolado. Parece que eles não sabem ou não se importam com o que acontece fora do RJ. O Rio é tudo para eles, e SP é apenas de onde vêm suas contas bancárias.

Você pode ver nos mapas abaixo: quem nasceu em SP vai morar em todo o Brasil:

Mas os cariocas não muito:

Na verdade, baianos e gaúchos (gaúchos) imigram muito mais que os cariocas também, além de terem menos população e grandes estados para viajar.

Na UFBA eu só conheço uma pessoa que era do RJ, mas muitos paulistas estão estudando Aqui. Até gaúchos vejo mais que cariocas.

Por outro lado, os paulistas são provavelmente os piores turistas do Brasil. Nem todos, mas talvez porque SP é a parte principal da nossa economia, eles agem como se estivessem viajando para “Países do Terceiro Mundo” quando são turistas, principalmente quando o fazem pela primeira vez. Cariocas desde a primeira vez agem como um “local”, sua cultura de aristocracia é muito mais sobre sua aparência do que uma grande parte de sua identidade. Os cariocas não se preocupam com a identidade, eles se preocupam mais se estão bem. Infelizmente, além de serem bons turistas, não viajam muito. Os paulistas adoram ir para a Bahia e se divertir no carnaval, mas os cariocas são uma ave rara por lá.

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